domingo, 12 de maio de 2013

Harmonia no ambiente escolar

Cecilia Meireles, em sua saborosa poética, assim escreve: "Ensinar é acordar a criatura humana dessa espécie de sonambulismo em que tantos se deixam arrastar. Mostrar-lhes a vida em profundidade. Sem pretensão filosófica ou de salvação, mas por uma contemplação poética, afetuosa e participante."

Quando se lê a educação com esse olhar de Cecilia, parece que o dia a dia na relação professor-aluno é encantado. Muitos dirão que essa elevação afetiva se funciona no plano das ideias e que, na prática, assiste-se a um aviltante processo de destruição das relações humanas.

A violência nas escolas se materializa em agressões verbais e físicas. e a prática do bullying que destrói as relações e os seres humanos. O professor se sente vitima de um sistema que não o valoriza, portanto não o entende bem, nem o protege. Os alunos parecem prontos para a batalha. Padecem de amor e de limites. A ausência familiar se faz sentir na postura agressiva ou apatia em sala de aula.

Alemm disso, e talvez por isso, tentam disputar poder com os professores que, por sua vez, deixam-se levar em um debate desnecessário. Há um axioma essencial na relação entre professor e aluno: autoridade harmonizada pelo afeto. O aluno precisa de limite e precisa compreender o papel do educador. O docente não pode impor sua autoridade, mas deve conquistá-la, sem brigas nem ameaças, sem histeria.Com o respeito de quem sabe ensinar e aprender e de quem harmoniza as relações.

É imprescindível o resgate das relações harmoniosas no universo escolar. Evidentemente, são a experiência e a disposição do professor que farão com que ele toque na alma do seu aluno; sem isso não há educação. Alguns cuidados em nossas atitudes são de extrema importância. O primeiro deles é que professor não brigue com o aluno, mesmo que tenha a razão. Se isso acontecer, parte da sala torcerá pelo estudante e a outra pelo professor, assim, ele deixa de ser referencial. Um segundo cuidado seria o professor não colocar apelido em aluno e outra precaução seria a de não comparar um com o outro e é preciso lembrar que não há homogeneidade no processo educativo, mas heterogeneidade. E, por último, o educador não pode se mostrar arrogante nem subserviente. O meio termo é amoroso.

E aí voltamos a Cecília Meireles. A harmonia no ambiente escolar irá ocorrer quando se consegue quebrar a carcaça que envolve alguns alunos pela falta de algo que deveria ter vindo antes. É esse sonambulismo, essa postura incorreta frente á vida e frente a si mesmo.

Trata-se de ajudá-lo a viver essa contemplação poética ou, em termos aristotelicos, a buscar uma aspiração para a vida. Ou ainda, em Paulo Freire, ajudá-los a desenvolver autonomia para sonhar.

Aí sim, o professor mostrará autoridade. Autoridade generosa de quem confia e cobra, de quem educa pelo exemplo, pelo respeito, pela admiração de seus alunos. E é nesse bom caminho que entra o afeto como instrumento de poder e participação. É do olhar do mestre que saem essas virtudes. O olhar que acolhe e que constrange quando necessário. O olhar que se faz cúmplice nas boas conquistas e que lamenta docemente pelo que se perdeu. O olhar que mantém o silêncio na sala de aula, sem gritos ou lamentações, mas que capaz de chorar pela emoção de mais um aprendiz que encontrou seu caminho.

A harmonia no ambiente escolar não é uma utopia. É talvez uma tarefa complexa que exige o que de melhor podem dar os educadores: competência, coragem e muito, muito amor!
Gabriel Chalita


Artigo publicado na revista Profissão Mestre de fevereiro de 2010

Será que os pais têm consciência do quanto influenciam os filhos na construção de sua identidade?



Esta, com certeza, é uma questão que requer muitas reflexões, se não para obtenção de respostas, ao menos para propiciar o debate entre família e escola. A construção de identidade da criança acontece a partir da qualidade da vida afetiva que será construída ao longo dos seus primeiros anos de vida, e, neste momento, a mediação da família é fundamental para que o filho desenvolva habilidades e para que possa, ao longo do seu desenvolvimento, ser mais competente em suas escolhas.
São inúmeras as influências para a formação de uma criança, por este motivo pais e escola devem caminhar juntos na tarefa de transmitir valores necessários para esta formação. No entanto, parece natural que os pais se ocupem disso, e é importante salientar que a escola também é corresponsável por esta orientação e formação, mas, nos últimos tempos, vem ampliando seu papel ao lidar com o resultado direto do que a família produz nos filhos. Como nos dia de hoje a criança permanece muito tempo na escola, o investimento em cada filho está cada vez maior, havendo, inclusive, uma inversão de valores, e a criança aprende desde cedo a ter seus desejos satisfeitos. Se a família ceder ao individualismo e cortar os vínculos estáveis com os filhos, ela produzirá cada vez mais egos inseguros.
A atitude dos pais na criação de seus filhos são aspectos que interferem, de forma positiva ou negativa, no seu desenvolvimento. Se a função da família é transmitir valores, afeto, segurança e proporcionar condições para o bom desenvolvimento e construção da autonomia da criança, é necessário que ela seja construtiva, pois a infância é direito de todos, e nesse sentido eles precisam de amparo, cuidados e educação.

Texto da pedagoga Claudia Roberta Monteiro Silva é psicopedagoga institucional e clínica e mestranda em Ciências da Educação.

Dicas para os Pais de crianças com TDAH

Seguindo a mesma ideia das dicas para professores na forma de lidar com crianças com TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade), deixo aqui um novo conteúdo sobre o tema, mas dessa vez, direcionado aos pais que tenham filhos com hiperatividade.
Estas recomendações foram elaboradas pela ABDA (www.tdah.org.br) com base na experiência de portadores, familiares e profissionais, devendo ser encaradas como “dicas” que não excluem o acompanhamento por profissional especializado.
Dicas para os Pais
1) O comportamento dos pais não é a causa do TDAH, mas pode agravá-lo. Um lar estruturado, com harmonia e carinho, é importante para qualquer criança, e indispensável para as portadoras de TDAH, que precisam de bastante suporte para superar suas dificuldades.
2) A casa precisa ter regras claras e que sejam seguidas por todos. Os pais atuam como modelos para os filhos, portanto, devem agir como gostariam que ele agisse. Só assim a criança terá parâmetros de comportamento bem definidos e saberá o que é exigido dela.
3) Elogie, elogie, elogie. É sempre melhor dar atenção aos bons comportamentos do que punir sempre que algo indesejável acontece. Não espere pelo comportamento perfeito, valorize pequenos passos alcançados. Lembre-se que ela está sempre tentando corresponder às expectativas, mas às vezes não consegue. Crianças portadoras de TDAH tendem a ser muito criticadas, rotuladas de bagunceiras, e desobedientes e podem se sentir frustradas por não conseguir corresponder às expectativas dos adultos. Ofereça atenção e carinho ao seu filho.
4) A dica número 3 não é sinônimo de permissividade. Dar carinho e atenção não significa deixar de educar com firmeza, impondo limites quando necessário. A criança precisa aprender a cumprir regras e o respeito a elas deve ser exigido.
Leia sobre o assunto para entender o que se passa com seu filho e qual a melhor maneira de ajudá-lo. Compreenda as suas limitações, não exija demais dele, e invista em suas potencialidades. O psiquiatra, o neurologista e o psicólogo especializados em TDAH são sempre a melhor fonte para recomendar livros, textos e sites relacionados.
Educar um filho com TDAH não é tarefa das mais simples. Paciência, firmeza e disciplina são algumas das características que quem convive com o portador de TDAH precisa ter. Além de seguir com comprometimento o tratamento prescrito pelo médico, com dicas simples que podem tornar a vida dos pais e da criança mais sadia e feliz.